Sunday, October 1, 2006

Se descobrindo

Quando ainda muito criança adorava brincar de ser professora, assim também como gostava muito de estudar. Mas o tempo passou e toda aquela empolgação de ser professora também passou.
Não queria ser mais professora e sim fazer uma faculdade de Piscológia, mas como eu sou gêmeas com outra e ela queria fazer o Magistério, minha mãe fez eu entrar no maldito Magistério. Maldito até certo ponto, porque depois minha irmã não queria mais e eu tinha me encontrado, estava adorando conhecer uma realidade que eu até então não conhecia.
O tempo passou, minha irmã começou a trabalhar como balconista e eu em busca de trabalho, como professor, é claro. Depois de quatro anos que havia me formado, me convidaram para dar aula no CEJA, sem nem muito pensar já logo aceitei. Foi uma de minhas melhores experiências, não sei se foi porque foi meu primeiro trabalho, mas aprendi muito. Depois dessa experiência fui chamada a trabalhar com a primeira série, numa escola regular.
Imaginava que tudo fosse mais fácil,até por ser uma escola regular, mas cai do cavalo. Mesmo não sabendo muita coisa, percebo que falta entusiasmo, vontade de ensinar, de ser educador.
Por sentir que me falta teoria que estou aqui, sei que como mera contratada não posso transformar minha escola no lugar ideal, mas posso ao menos fazer de minha turma a melhor. Sei também que vai ser dificel, pois já tentei modificar algumas coisas e a direção não permitiu, dizendo que era mais comodo trabalhar no metodo tradicional.
Sabemos que em nossas escolas existem muitos professores de faixada, que não estão sendo educadores, mas que querem só o seu dinheiro no final de cada mês. Não indo muito longe tem alunos de nossa faculdade que estão estudando, só para ter uma aposentadoria mas gorda no final de cada mês.
É por tudo isso, que sinto a necessidade de estar sempre aprendendo, porque a cada ano que se passa aprendemos coisas novas, se paramos, o nosso mundo para ao nosso redor.
As vezes tenho que me controlar, porque como professora que sou, vejo que tem muitas coisas erradas, quero tentar corrigir, mas sou sempre podada. Sei que eu aprendendo mais vou conseguir mostrar a meus colegas que pode ser diferente, que a educação tem jeito.
Vivo em Praia Grande a quase quatro anos, e assim como no lugar onde vivia tudo é politicagem.Trabalho numa escola acomodada, que prefere acreditar que o aluno não tem jeito, e não faz nada. Que fala muito em realidade, mas não faz nada para tornar essa realidade.
Depois desses oito meses em sala de aula, diferente de estágios, estou um pouco apavorada com o saber dos nossos educadores, mas a cada dia me sentindo mais motivada a aprender.
Não consigo ver a educação como ela era antes, onde havia respeito, tanto dos educadores, quanto dos educandos.
Mostrar ousadia está sendo bastante ousado no meu dia-a-dia, pois a intensão é mostrar que pode ser diferente, que basta acreditarmos. Que não é fácil, mas que é possivel.
Tenho medo que depois disso, não seje mais chamada para dar aula, mas pelo menos vou sair de cabeça em pé, sabendo que não errei, que meu papel como educador foi bem feito.
Assim como o senhor que pediu o barco ao rei e não sabia navegar, é que me sinto. As vezes confusa em saber se o que estou fazendo está certo, pois nunca havia feito.
Obrigada meu senhor, pelo dom da vida, por ser educador.

2 comments:

Roberta said...

Cristiana!!!
É normal esse sentimento de impotência que toma conta de nossa "categoria", mas saiba que seu esforço e vontade de mudar, de aprender coisas novas é o primeiro passo para que as coisas comecem a tomar novos rumos.
Para béns pela iniciativa de iniciar um curso superior, conte comigo pra superar qualquer obstáculo.
Abraços Roberta (tutora)

prof.Malu said...

Legal,gostei muito de visitar teu blogger.Sempre me pareceste uma pessoa muito amável,o que me surpreendeu foi tua postura como profissional,não desista!Pouco importa que na escola só tu pensa assim,infelizmente há profs. só burocratas.Não são educadores.Siga em frente com paixão e entusiasmo,precisas da "paciência histórica" de que Paulo Freire falou.